Domingo, Abril 20, 2025

Quando a fé se encontra ao pôr do sol: Terena celebra Nossa Senhora da Boa Nova iluminado o Alentejo — veja o cartaz completo.

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A histórica vila de Terena, no concelho de Alandroal, prepara-se para acolher, entre os dias 25 e 29 de abril de 2025, mais uma edição das Festas dos Prazeres em honra de Nossa Senhora da Boa Nova. Esta romaria, com raízes medievais, conjuga a devoção religiosa com uma forte expressão cultural e popular, sendo considerada um dos mais importantes eventos de património imaterial do Alentejo.

O centro das festividades é o Santuário de Nossa Senhora da Boa Nova, classificado como Monumento Nacional desde 1910, e considerado o mais antigo santuário mariano a sul do Tejo, com registos de culto contínuo desde o século XIII. A origem da veneração remonta, segundo fontes históricas, à cristianização de antigos cultos pagãos dedicados ao deus Endovélico, divindade local venerada desde a época pré-romana. Esta devoção, celebrada inclusive por Afonso X de Castela nas Cantigas de Santa Maria, atravessa séculos com uma impressionante continuidade e adesão popular.

Programa diversificado celebra fé e identidade

O programa das festas contempla uma combinação equilibrada entre momentos de forte carga espiritual, celebrações litúrgicas, procissões simbólicas e diversas iniciativas culturais, desportivas e recreativas.

Sexta-feira, 25 de abril

As festividades arrancam com animação musical no recinto do Santuário. Às 22h00, inicia-se o Arraial, com concerto de Buba Espinho, seguido de baile ao som do Trio Musical Nem+ Nem, num serão marcado pela celebração comunitária.

Sábado, 26 de abril

O dia começa com salva de morteiros e repicar dos sinos, seguido da inauguração da exposição “Terena vista pelos olhos do urban sketcher Carlos Ramos Fidalgo”. A manhã inclui arruadas e convívio desportivo. A tarde destaca-se pelo lançamento do livro “Por caminhos da Memória”, de Luís de Matos, atuações de grupos de cante alentejano e a chegada do Passeio Solidário Seixal–Terena, que já vai na 12.ª edição.

Domingo, 27 de abril

É o dia de maior solenidade religiosa. A manhã inclui Eucaristia Dominical no Santuário, celebrada pelo Arcebispo de Évora, Dom Francisco José Senra Coelho, e abrilhantada pelo Coral Évora. À tarde, há espaço para a tradição tauromáquica com uma garraiada no Rossio e nova arruada da banda filarmónica. O ponto alto acontece ao entardecer, com a Procissão do Encontro, um dos momentos mais simbólicos da festa, onde as imagens de Nossa Senhora da Boa Nova e São Pedro se encontram no centro da vila, perante a multidão emocionada. O momento inclui bênção com sermão e fogo de artifício.

Segunda-feira, 28 de abril

Prossegue a devoção com nova Procissão Solene, desta vez para reconduzir a imagem de Nossa Senhora ao seu Santuário. A entrada no templo é acompanhada por uma salva de morteiros e o tradicional acenar de lenços brancos pelos fiéis, ao som do Hino interpretado pelas bandas locais. A tarde é preenchida com o tradicional serviço de tômbola e leilão das ofertas, culminando com um concerto da Banda do Centro Cultural de Alandroal.

Terça-feira, 29 de abril

As festas encerram com solenidade. A manhã é assinalada por nova salva de morteiros e repique dos sinos. Ao fim da tarde, é celebrada missa em memória de todos os que contribuíram para a organização do evento, e às 19h30, uma última salva marca oficialmente o fim da romaria.

Põe-se o sol e finda a festa”, como reza a tradição, num ciclo que se renova ano após ano.

Uma tradição que é espelho da alma alentejana

Mais do que um evento religioso, as Festas dos Prazeres constituem um rito comunitário profundamente enraizado na identidade cultural da região. A envolvência das instituições locais, das associações e da população demonstra a vitalidade de um património que se transmite entre gerações. A Confraria de Nossa Senhora da Boa Nova, organizadora do evento, em articulação com a Junta de Freguesia de Terena e a Câmara Municipal de Alandroal, assegura a preservação e dinamização desta herança.

A romaria de Terena é, por tudo isso, uma expressão viva da fé, da memória e da cultura do povo alentejano — um legado que o tempo não apaga, mas que o coração da comunidade continua a celebrar com orgulho e devoção.

Augusta Serrano

Onde a alma do Alentejo ganha voz, para todos os cantos do Mundo.

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