Episódio especial do AlentriumCast ( Laços que Curam) com a psicóloga Filipa Almeida e o Professor Doutor Rui Campos
A mais recente edição do podcast AlentriumCast trouxe à discussão um tema de particular relevância na área da saúde mental: a relação entre os estados emocionais — como a ansiedade e a depressão — e as suas manifestações físicas. A conversa foi conduzida pela psicóloga Filipa Almeida, com a participação do Professor Doutor Rui Campos, docente da Universidade de Évora.
Durante a conversa, destacou-se como muitas pessoas procuram apoio médico devido a sintomas físicos persistentes — como dores de cabeça, lombalgias ou perturbações digestivas — que permanecem sem explicação clínica após múltiplos exames. “Quando não é possível pensar a dor, o corpo assume esse papel”, afirmou o Professor Rui Campos, reforçando a importância de compreender o fenómeno da somatização.
Entre os tópicos abordados, falou-se também das doenças psicosomáticas, como a síndrome do intestino irritável, e da forma como o estado emocional pode potenciar respostas inflamatórias no organismo, agravando a sintomatologia física.
Outro ponto essencial foi a distinção entre tristeza e depressão. Segundo o professor, “a depressão não é apenas tristeza — pode ser apatia, cansaço, perda de interesse pela vida. E por vezes, surge disfarçada através do corpo, sem sinais evidentes no humor.”
A conversa sublinhou ainda o papel da psicoterapia como espaço de elaboração e transformação dessas dores. “Não temos uma varinha mágica, mas a palavra é a ferramenta que permite à dor ganhar sentido”, destacou Filipa Almeida.
Sobre o uso de psicofármacos, o Professor Rui Campos deixou uma mensagem de equilíbrio: “a medicação pode ser útil em determinados momentos, mas nunca deve ser vista como solução isolada ou definitiva. O sucesso terapêutico é significativamente superior quando se combina com acompanhamento psicológico.”
Este episódio do AlentriumCast reforça a urgência de um olhar integrado e humanizado sobre a saúde mental — onde corpo e mente são indissociáveis, e onde o tempo, a escuta e o vínculo terapêutico se tornam fundamentais para o verdadeiro processo de cura.
