Realizaram-se ontem as IV Jornadas Técnicas de Viticultura, no Auditório do CCR de Redondo, reunindo especialistas, produtores e entidades do setor para debater o presente e o futuro da viticultura na região. O evento destacou-se como um espaço de partilha de conhecimento, inovação e reflexão sobre os desafios e oportunidades do setor vitivinícola alentejano.
O portal alentrium.pt marcou presença e ouviu um dos participantes, José Falé, engenheiro com uma longa ligação à agricultura. Natural de Redondo, reside em Montoeito há 27 anos, e acompanha de perto a evolução do setor.
“A viticultura é um pilar económico no concelho de Redondo. Atualmente, enfrentamos um período exigente: com rendimentos baixos, torna-se crucial encontrar formas de manter a atividade viva e sustentável. Isso exige sacrifício, mas também aposta firme na inovação e numa resiliência coletiva por parte dos produtores”, afirmou.
As jornadas técnicas são vistas por José Falé como catalisadoras de mudança e conhecimento. “Este tipo de eventos permite gerar ideias, encontrar soluções concretas e abrir portas à modernização. Acredito que, através da tecnologia e de uma gestão eficiente, é possível fazer mais com menos. Mesmo em tempos difíceis, é fundamental continuar a acreditar e a investir. Estou convicto de que, num horizonte de 3 a 4 anos, o setor recuperará a dinâmica e a relevância que já teve”, disse.
Durante as jornadas, foi ainda sublinhada a importância de um maior apoio estatal. “Assistimos a um crescimento acentuado da produção, mas a quebra do consumo criou desequilíbrios graves. Não podemos ignorar o papel regulador do Estado nestes momentos. É necessário um apoio estruturado, que compense estas externalidades e assegure a continuidade das explorações agrícolas. Este setor é produtivo, gera valor e sustenta muitas famílias. O Estado tem a responsabilidade de o proteger”, defendeu.
O futuro da agricultura alentejana, segundo Falé, passa também por um maior envolvimento das novas gerações. “Temos de motivar os jovens para a agricultura desde o ensino secundário. É essencial que a formação seja acompanhada de experiência em contexto real de trabalho. Os futuros profissionais precisam de compreender o valor da terra e do setor para poderem contribuir de forma eficaz. E sim, quem estiver bem preparado deve exigir rendimentos justos. O futuro vai pertencer aos profissionais qualificados e empenhados”, concluiu.
As IV Jornadas Técnicas de Viticultura revelaram-se um momento de convergência entre gerações, conhecimento e visão estratégica, reafirmando o papel estruturante da viticultura na economia do Alentejo.

