Alentrium 12 de abril de 2025 — A nova unidade de cuidados continuados integrados da Santa Casa da Misericórdia de Évora foi inaugurada na passada quarta-feira, numa cerimónia que contou com a presença do Primeiro-Ministro, Luís Montenegro. Embora não tenha tido intervenção pública no evento, o presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), Dr. Manuel de Lemos, esteve presente e, em declarações ao Alentrium.pt, abordou vários temas estruturantes para o sector social e da saúde — entre eles, o futuro do Hospital de São Paulo, em Serpa.
A unidade agora inaugurada disponibiliza cerca de 40 camas e reforça a presença da UMP na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados, onde a União representa atualmente 53% da capacidade instalada.
“É uma honra para todos nós assistir ao crescimento desta rede, especialmente aqui no Alentejo, onde as necessidades da população são tão evidentes. A missão das Misericórdias cumpre-se assim — em parceria com o Estado e ao serviço das pessoas. Fazemo-lo há 527 anos e queremos continuar por, pelo menos, mais 527.”
O presidente da UMP comentou ainda o acordo de cooperação social no valor de 220 milhões de euros, assinado recentemente com o Governo, em regime de gestão corrente, sem receios quanto à sua implementação futura.
“Este não é um acordo para as instituições, é um acordo para as pessoas. Para os mais vulneráveis, para quem precisa de respostas sociais de proximidade. Qualquer Governo saberá reconhecer isso. A nossa responsabilidade é com as pessoas.”
Hospital de Serpa: “É uma das melhores unidades do Alentejo e acreditamos no seu futuro”
O tema do Hospital de São Paulo, em Serpa — cuja gestão foi recentemente devolvida à Santa Casa se Serpa após cerca de um ano sob responsabilidade da UMP — também foi abordado. Manuel de Lemos esclareceu que a União não realizou um investimento direto, mas apoiou a Misericórdia de Serpa na candidatura a fundos comunitários, que resultaram num financiamento de cerca de 4 milhões de euros.
“A União ajudou a Santa Casa a captar investimento europeu, mas nem a União, nem a Misericórdia, ficaram sobrecarregadas com esse esforço. O que ali está é uma infraestrutura de excelência, provavelmente a melhor unidade hospitalar do Alentejo. Mas havia questões estruturais por resolver na instituição. Não fazia sentido avançar sem garantir estabilidade.”
Sobre o fim do protocolo de gestão, o presidente da UMP foi claro:
“A decisão de sair foi tomada em consciência e por respeito à própria Misericórdia de Serpa. Mas Serpa continua no nosso coração. Apoiar todas as Misericórdias é a nossa obrigação e, se for possível regressar num contexto mais sólido, estaremos naturalmente disponíveis.”
Apesar da cessação do acordo, Manuel de Lemos reforçou que o hospital nunca pertenceu à UMP, o apoio à gestão decorreu de um compromisso solidário com a Santa Casa de Serpa.
“O Hospital é da Santa Casa de Serpa. A União apenas colaborou na gestão durante um período, com o objetivo de ajudar. E ajudámos. O futuro dessa unidade passa pela revitalização da instituição e nós estaremos sempre prontos para apoiar.”
FoTo: UMP